Pescador de
corpo sempre úmido.
Peixe
vivo, brilhante, vigoroso.
A força
da vida bem natural, grudada no corpo firme.
Meus
músculos são de rasgar a pele.
Brilho
como o sol no mar.
Brilho
como espuma na areia.
Não há
questão de morte, já que ela – a morte – é viva em mim.
No corpo
bruto, toda a morte.
Longe do
mar, regrido um pouco à noite.
Fiquei
bem à espreita da noite, enganando o dia pra ver se ralentava.
Nada. Ela
veio mesmo implacável com todo o seu silêncio de alma.
Toda a
bagunça atrasou o sono, criou preguiça invencível e prostrou em mim.
Minha
casa fica longe do mar e não sou pescador.
A pele
deixa de reluzir vida e morte, nada de natureza aqui.
Nem o
deus, nem o som, nem o vento.
Só o frio
e o calor que se alternam e fecham cada porta e janela.
Um passo
atrás. Um passo em falso. Um desengano de mim.
Respirar
é muito seco. Há falta de maresia.
Onde foi
que me perdi desde tão sempre?
Onde foi
que larguei o peixe brilhante que pendurava no peito?
Vem minha
hora de afogamento! Água e sal pra dentro.
Urgente,
mar! Pescador não pode secar.
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