quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Faz tempo que não escrevo. Faz tempo.
As coisas da vida mais inspiradoras que suavizam a rotina estão raras e tenho trabalhado bastante.
Tenho adoecido também. Dói a cabeça, doem as costas, arde a alergia em volta dos olhos que tem vistos paisagens secas e duras.
Tenho sonhado muito. Sonhos de intensas e simples violências.
No entanto, algo se move no ventre com uma vitalidade incrível. Como pequenos martelinhos empurrando minha pele e me lembrando de cuidar com carinho de tantas dores, pois a demanda de vida vai crescer e crescer.
O que já está fora guarda todos os meus sorrisos. E seu pai descobre finalmente um amor profundo, delicado, perene que a jovem esposa lhe dedica às manhãs e no calor do quarto escuro.
Apesar das paredes cinzas do escritório que levo dia a dia, as cores estão vibrantes dentro de mim, a vida busca tanto seus caminhos de luz que posso me divertir com o papel de burocrata inevitável.
Nesse exato momento, enquanto escrevo, a pequena criança mexe muito na barriga e se faz presente no texto como por imposição, como fazendo questão de já ser parte da família, mesmo que ainda seja só um volume em meu corpo e uma ideia.
E assim, sem pesar, volto ao meu diário público desculpando na poesia minhas confissões que, talvez, possam ser apenas ficções de alguém que gostaria de viver de escrever.