terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Agora eu era a namorada



Era assim tudo meio quente
Era um sorriso seu muito meu naquele olhar de faz tempo
Eram minhas mãos segurando firme de tanto carinho seu rosto de olhos apertados e cheios de tantos beijinhos em disritmia acelerada
Era um calor macio em meu peito estufado de tanta vida
Era desses que a gente acorda sabendo que foi de verdade
Era acordar de muita vontade de pegar com minhas mãos de verdade seu rosto de verdade e trazer pra mim assim bem pertinho
Era para fazer voltar um dia que fui indo embora e você foi indo embora e não disse todo tchau completo com todos os que ficaram guardados

Depois, aquele olhar em volta e ver que não era de verdade, mas que era sim enquanto dormia com seu rosto em minhas mãos.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

2 de fevereiro



um círculo de água bem salgada se expande e nos toma
cristalinas, somos ondas de marés oscilantes
é Lua a nos guiar, é areia a nos delinear, é vida a nos preencher
seres são todos feitos de água
no sal nos reunimos e somos um com a água
nessa unidade fazemos festa
e a festa é nosso levante
é o mar, tão primário em sua repetição de ciclos,
que mostra a originalidade na revolução que não reproduz padrão algum
e assim, de sua existência pura e simples, aponta para o novo

em Aruanda fui Mama Kalunda
noutros tempos fui antiga
mas nessa festa de Iemanjá,
como o sorriso fácil de Helena,
sou muito jovem, menina mesmo
e vejo a novidade de novas possibilidades de celebração