quarta-feira, 8 de junho de 2011

poesia

não consigo pensar se não for em poesia.
The teacher said to do not write by the ocean, but I can’t.
Chego cheia de vinho e música em casa, caminho todo só querendo as mãos livres para começar escrever.
Escrever esse furacão que vem dentro e ativa erupção tão facilmente e quando dou conta já estou imersa em histórias não reais daquilo que vivo a partir da pele e dos olhos.
Para o homem que não conheço quero dar tudo que não é da minha rotina. Quero ser sua certeza de que há sim, dentro dele, muito homem de viver plenamente. Quero ser aquele respiro de incomparável prazer quando livra a cabeça à superfície do oceano depois de longos dias de afogamento. Quero ser o prazer da água doce. Quero ser Oxum.
Quero ser também lembrança do menino bonito que me viu nadar no rio. Quero ser seu lodo de afogamento, que é preciso evitar antes de por tudo a perder.
Daquilo que imagino já sou um pouco.
A realidade é o que sonhamos. A vida vale mesmo nisso, nas dobras que fazemos de nós mesmas, nas sutis percepções de dimensões não oficialmente vividas, mas que emergem das nossas melodias mais sinceras.
Sinceridade é aquilo que não passa pelo juízo do pensamento. É aquilo que arrebata o peito, a coluna, o sexo e não tem nome e não tem razão de ser.
É aquilo que é.
Aqui, então, (já sem saber se é carta ou texto o que vou escrevendo) digo com calma:
atenção!
pessoa que escuta músicas com o coração, costuma transbordar.
o que escapa do continente é muito brilhante e pulsa vida irresponsável.
estou dia a dia cuidando do que é bem meu e aproveitando cuidadosa daquilo que não está garantido.
estou aprendendo a perceber que não há garantia possível nessa vida.
estou aprendendo a perceber – com aquele que emerge vida em mim – que a vida é feita de agoras.
agora mesmo, escrevo para aliviar o ritmo quente da pele e afirmar toda nua, que há palavras demais nas minhas mãos.
as palavras são jeitos poéticos de contar nada a ninguém.
e, finalizando, penso nos olhos grandes da mulher mais linda do mundo a me chamar plenamente quando do sol no céu. penso no olhar mais terno e amoroso do menino a puxar com fio de prata de Iemanjá todos os meus carinhos.
é a vida real a me chamar. é a poesia a acalmar.

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