Quando faz frio por dentro, periga adoecer.
O corpo dá sinal pouco sutil das tensões que esticam essa corda.
Os ciclos da vida levam pra nenhum lugar se não a própria vida.
E assim seguimos. Entre pulsões de vida e morte. Alegria e tristeza. Dor e prazer.
Pele que palpita em flor de sal, mostra também que envolve um ser frágil que vive na beira.
Homem que fala bonito em movimentos, sofre só em seus monólogos circulares.
O outro que exibe pernas fortes e voz de sincopado nordeste, tem mãos e palavras de menino feroz que chora pra dentro e não pede colo jamais.
A mãe que derrama amor, não percebe a inundação – não percebe que ficam afogados seus amores quando do seu protagonismo ofuscante.
Das minhas duas mulheres tão lindas, uma tão distante, outra há pesquisar, peço na escrita um colo para o corpo já fraco.
E peço também coragem de exibir o próprio colo de coração quieto em noite fria.
Os bichos são cuidadosos ao atacar: primeiro só encostam de leve para depois, definitivos, mostrarem em exuberância a que vieram.
Os corpos não podem recusar. A doença é também sinal de vida. Recolhe-se, cuida-se, apaga-se um pouco e, depois, liberta-se.
Chás, pomadas, compressas e um pouco de mel. Tudo na vida tem conforto, até a dor mais profunda encontra ninho em leito escuro.
Assim é possível resgatar um pouquinho de luz, trazê-la aos olhos e seguir mais adiante.
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