É de pegar mesmo essa mulher pelos cabelos e amarrar na minha dança.
Eu sou bem morena e suo bastante.
A gente gruda. Ela é da flor do sal e eu sou do funk.
Vão encarnando em nós as coisas da terra, as entidades de muito tempo, os ritmos mais primitivos, as vozes mais graves e doídas. A gente dança e traz nas mãos bem ásperas toda a reverência que merece ser feita.
Quando pisarmos novamente os solos da vida, será em homenagem às mães.
Quando cantarmos novamente as melodias mais de sangue, será em olhos bem abertos, pés bem firmes no chão, certeza bem plena no pensamento e na alma.
A gente não casa, a gente não segura, a gente vive cada encontro com a intensidade do fim.
As morenas são assim bem repentes.
A gente abre feito flor. Ontem botão e já agora –
A gente cobre seu topo mais alto de sal. A gente deixa sua pele toda coberta de sal.
Vai ficando tudo tão branco que de não conseguir enxergar do ofuscamento trazemos a água e lavamos tudo. -A gente vem em enxurrada e lava tudo.
Uma flor pra você, um sal pra mim.
A dança segue dia e outro.
A vida começa e termina no espasmo.
Eu, em braços quentes, sou flor de sal, sou espasmo, sou vida e sou fim.
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