Conheci certa vez um rapaz que me roubou o ar. Desde que fiquei sem o ar passei a enxergar turvo e alem da matéria cotidiana.
Vivi um lampejo de vida natural onde um homem é um homem e uma mulher é uma mulher. Onde quente é de suor, onde água é de tempestade, onde riso é de êxtase, onde lágrima é de desespero.
Aquilo não demorou nem pouco nem muito, não é recente nem antigo, já que aconteceu no não tempo que a ausência de ar traz.
Antiga sou eu e por isso digo que se tratava de um rapaz, pois ele era toda a juventude viril que os rapazes bronzeados esbanjam no norte.
Eu não sou nem nunca fui moça, sempre fui antiga, inclusive minha pele é dessa cor: antiga.
Minha vida também é assim – o presente passa tão depressa que sempre já é passado. Por isso o tempo das coisas não importa, mas o que guardo delas em minha pele antiga.
Mesmo assim, há luz nos olhos - luz fresa e leve.
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