domingo, 19 de fevereiro de 2012

Separação


Um pra um é fácil não, mas basta quase sempre.
Um mais um vai de dois, três...
Quantos a falta de juízo permitir.
É porque pra hoje bastaria um mais um ser dois.
Mas tem dupla que se anima e vai pra mais e mais.
É bom o tempo quando um e um sentem sol,
depois lua,
o sono chega pra um e um ao mesmo tempo,
vem como descanso bom depois de muito suor.
É nesse tempo bom que surgem os desejos de multiplicar.
Mas nem sempre orna.
Tem vez que chove aqui e lá, sol.
Tem vez também que inunda mesmo aqui e lá, secura total.
Nesse tempo, bom também, apesar de mais difícil de perceber,
Um é só um mesmo.
Esse espaço de ser deveria ser bem guardado,
quase sagrado
Assim, quando em comunhão, um poderia ser dois sem deixar de ser um.
Mas os olhos parecem ter visão confusa ao perceber os espaços.
Os limites se confundem – meu amor, minhas linhas, nosso corpo, meu.
Então vem o inevitável fragmentar-se, com dor aguda e profunda,
de ir aos poucos desfazendo-se de nós entre um e dois e os que vieram depois.
A voz que se impõe ao olhar pode cegar.
Os limites são tênues, mas não os desejos.
Ser dois é fortalecer o indivíduo.
Sem um não há compartilhar possível, mas apenas doar e receber.
Desejos desencontrados, escolhas em oposição
Contraposição
Cada ser tem sonhos a sua maneira
Um em busca de si mesmo, sua própria unidade de reconhecer-se um.
Separação e reintegração.
Isso há de responder.

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