O domingo
amanhece fresco e, calminho, o sol vai chegando.
É mesmo
manso o dia por fora de mim, mas dentro...
As
crianças não estão e o silêncio da casa aperta meu coração numa saudade chorada
baixinho.
Não passo
a tarde só, mas quase temo a liberdade quando o que queria mesmo era ficar
esparramada entre os pequenos, seus olhares, suas vozes, suas mãos, seus
beijos.
Tranquilo
mesmo o dia se anuncia, mas dentro o vulcão vai subir.
Sabendo
com o profundo do meu chão que não posso ir à festa de aniversário daquele amor
infinito; querendo tanto não misturar minhas escolhas com o bom caminho do
teatro que verei hoje à noite; intuindo o coração bem na beirinha de um abismo
severo como criança que experimenta inocente um veneno letal.
A vida
pesa às vezes disfarçada de alegria solar.
Nuvem que
atravessa céu azul, traz a sombra com vento gelado, mesmo o sol ali presente
astro potente.
Nuvem vem
por dentro, vem com sopro de Iansã porque hoje é seu dia e ela vai gritar.
Não
adianta correr que a guerreira grita por dentro e abalada tudo, rouba suas
pernas e lhe faz ver o chão com seus minérios expostos feito chagas.
Não é de
mar que escrevo hoje, mas de quando a concentração do sal aumenta de mais e a
pele resseca, o olho arde e a boca cala.
O sal do
inevitável, da escolha feita por falta de opção, da música que intenciona mas
não consegue embalar, da calma que bagunça, do caos de não se saber.
Da
impressão que ela, a vida, ainda não é minha totalmente.
E ainda
assim, Iansã releva na fúria de seus raios que não se volta atrás a partir
daqui. Revela que há sentido de vida no passo dado com firmeza e integridade. E
que o aprendizado não se esgotou e não se esgotará_ ainda há muito o que
trilhar. A preguiça, hoje, desconheço.
Mesmo
ruindo por dentro, não estremeço nem por um segundo. Olho firme e sigo.
Quando a
folga acabar, terei o conforto da rotina com meus amores mais profundos e que
não me deixam cair.
A nuvem
sempre passa. Meu céu abre. Eu aquieto, ainda muito quente, e continuo.
Um comentário:
Desenhar nosso próprio caminho, não é possivel?
Esperar opções? E o correr atraz?
Eu já acreditei muito na força dos outros, cada vez mais vejo que só adianta seguir a minha.
As vezes paz é bom, para não ficar queimando e nem se arrepender do tempo perdido.
Boa sorte em tua busca...
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