terça-feira, 23 de agosto de 2011

pássara


Há uma espécie de mandioca que se transforma em açúcar.

A música se transforma em ideia.
O homem se transforma em palavra.
Minha humanidade se transforma em bicho.
O grafite se transforma em história
e a mata se transforma em tecnologia.
A máquina se transforma em monstro
e o conhecimento se transforma em morte.
O olhar se transforma em arte.
O artista se transforma.
O arroz se transforma em bolinho,
o queijo se transforma em receitas muitas
e o vinho se transforma em mito.
O teatro se transforma em teatro que nos transforma (ou não).
A diversão se transforma em vício.
O vício não se transforma.
Um casal, mesmo que eventual, se transforma em criança.
A criança se transforma infinitamente.
A mente se transforma em algoz.
E a pata do urso que fazia um carinho todo delicado na pássara de asa quebrada se transforma em garra de leão.
A alegria se transforma em dor.
O amor se transforma em solidão.
A dor demora e se transforma em força.
O limite se transforma em força.
A solidão se transforma em força.
O medo se transforma em força.
Cada uma das lágrimas choradas pra valer se transformam em flor de sal em rosto de vida pequena, mas aberta.
A pouca fé se transforma em ação cotidiana inevitável – em frente!
A asa quebrada da pássara se transforma em braço para acolhida.
A asa boa da pássara se transforma em planador.

Saber-se em mutação é poder seguir.
Saber-se apenas, não é.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que estou voando transformada, agora!
Sol Bentto