segunda-feira, 12 de julho de 2010

Carta de não mandar

Pego a caneta e começo assim a carta “Será?”.
A pergunta revela que os acordes doces da música que embala esse impulso, estão mesmo fazendo efeito e eu meu deito, então.
Respiro profundo, sinto que há mesmo corpo nesse couro não tão firme que vem aguentando, aguentando...
Nada como uma voz de algodão trazendo mansa a sensação de que ainda há lirismo no mundo. Permitindo vez ou outra uma lembrança mais perigosa, um desejo mais proibido, uma ação pra se arrepender amanhã.
Mesmo que distante demais, as pessoas boas de ver com olhos de comer, estão em mim. Mesmo que no maior silêncio, mesmo que na sanidade da negação, ainda há eco de ar quente, de caldo no mar revolto.
Mesmo que de lembrança é possível saber-se viva.
Mesmo que da alegria dos pequenos que, esses sim, trazem cor pros meus asfaltos, é possível ver sentido nessa estada.
Depois, não se sabe ao certo. Sei que ao olhar atrás de hoje dá pra ver vocês.
Dá pra ver, atrás ou dentro, você em mim.

Um comentário:

Maysa Lepique disse...

a foto foi feita no rio negro por alexandre baxter