quinta-feira, 27 de novembro de 2008

maRcia

Nem punhado de areia, nem vaso que contenha.
Seu método é minucioso e particular.
Ela, abundante no sorriso e doce na voz que arrasta as minas, economiza na ação que, exceto eu, ninguém imagina.
Conta como se colecionasse selos, conta como fosse comum.
Assim como já não choro mais diante daquela imensidão, pois o acalanto vai aos poucos tomando-me completamente, ela posiciona-se diante e rouba primeiro a imagem.
Depois desce até a areia e se aproxima silenciosa. Vejo-a apenas de costas, mas sei que sorri.
E seu sorriso merece o desvio da breve narrativa, pois é tão seguro de si, tão orgulhoso do que sorri que faz olhos fixarem curiosidade no que deve ser o pensamento.
Segue então aproximando-se lentamente, deixa primeiro que os pés o experimentem, depois reverencia como se não o fizesse e molha enfim as mãos.
Pronto, está feito.
Volta ainda mais orgulhosa e me conta: "Viu?"
Sim, vi tudo atentamente, pois sou filha de Iemanjá e reconheço a irmandade.
Dessa vez quem sorri sou eu, finjo displicência, e confesso.
É verdade, ela coleciona mares.

Um comentário:

marcia bechara disse...

ai, maysa: quantas borbulhas no meu espírito.

você coleciona sutilezas, cara.

que coisa esse batuque azul.

:-))))