O azul é minha cor, reconheceu.
Não só por conta dos olhos que o levam dia sim, dia não – mais quando há sol pra aquecer o que tem por dentro que se apresenta em sorriso.
Mas também pelas palavras e intenções declaradas sem vergonha de expor seu azul.
É de azul marinho, entre raso e profundo, meio do caminho, que mergulha com certa margem de segurança querendo brincar de afundar até afogar.
É azul de brisa, aquela que resfria o suor e dá uma leve friagem nas costas, quando se busca rápido o calor do sol novamente até passar.
É azul de olhos ao céu, respira fundo, semi cerra visão, intui boa coisa e continua.
É azul de tristeza profunda, alma viva inevitável.
É blues, gostando a cada nota mais e mais da dor.
.
Reconheceu e partiu.
Deixou úmido o azul, deixou fértil, cheio de vontade.
A vontade se espalhou. Lançou raízes pelos espaços vazios da casa, preenchendo todas as rupturas e doendo muito até deixar terreno compacto onde havia buracos de solidão.
Chão de terra marrom, de umidade azul, deixando pequenos nós de vida verde se espalharem feito erva.
A erva foi crescendo cheirosa e inevitável. Tão verdinha que parecia...
Não parecia, não... Era amor de fato.
Erva daninha de amor acalentador, calmo, maduro, firme.
Fruto perfumado, vermelho, fresco, carnudo, aveludado, molhado.
Mordeu-se, escorreu seu suco e melou de mel todo entorno.
Assim o azul vai ganhando tonalidades de vida transformada.
Assim ficam as lembranças mais doces acolhidas nas luzes sutis da não matéria, para que a matéria mesmo seja flexível, vigorosa e firme.
Reconheço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário